Em 2000, cientistas fizeram uma previsão preocupante para o mundo: em 2025, uma em cada três pessoas estaria sofrendo com falta de água. Agora, uma nova avaliação surpreendeu e alarmou os pesquisadores. Eles descobriram que a sede já é um problema para mais de um terço da população mundial desde 2005. Nos últimos cinco anos, mais de 700 especialistas trabalharam para formular o relatório “Avaliação Compreensiva da Gestão de Água na Agricultura”. Os pesquisadores registraram dois tipos de escassez de água: a física, verificada quando os próprios recursos naturais são insuficientes para atender a demanda da população; e a econômica, provocada por falta de investimentos no setor.
Falta de água não significa apenas sede, mas também fome. A produção agrícola é a atividade humana que mais consome água. Em média, cada caloria de alimento requer um litro de água para ser produzida. A produção de um quilo de cereais requer algo entre 500 e 4 mil litros. O processamento industrial de carne, 10 mil litros.
Para fornecer uma média de 3 mil calorias por dia para cada uma das 6,1 bilhões de pessoas do planeta anualmente é necessário o equivalente a um canal de água de 1 metro de profundidade, 1 quilômetro de largura e 7 milhões de quilômetros (180 vezes o diâmetro da Terra) de comprimento. Se for levado em consideração que o planeta deve ganhar mais uns 2 ou 3 bilhões de habitantes até 2050, é possível entender o porquê de tanta preocupação.
A escassez física de água (em vermelho) é mais evidente no norte da África, no Oriente Médio e em partes da Ásia, dos Estados Unidos, do México e da Austrália. A falta econômica (em amarelo) é visível na maior parte da África, no norte da Índia, no Laos, no Camboja e em parte da América Central (da Guatemala ao Panamá, no Haiti e na República Dominicana). O Brasil e a maior parte da América do Sul – com a exceção do oeste do Peru, que está se aproximando da falta física de água - estão localizados em áreas com água abundante (em azul), onde menos de 25% dos recursos hídricos são usados em atividades humanas. O estudo foi coordenado pelo Instituto Internacional de Gestão de Água e apoiado pelo Grupo Consultivo sobre Pesquisa Agrícola Internacional, pelo Fundo da ONU para Alimentação e Agricultura, pela Convenção Ramsar sobre Áreas Úmidas e pela Convenção sobre Diversidade Biológica.